A homenagem de um fuzileiro naval a uma pipoca pantanosa
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A homenagem de um fuzileiro naval a uma pipoca pantanosa

Jul 28, 2023

Bom cachorro

Dizendo adeus a um companheiro que esteve presente em tudo

Por Jake Forrest Lunsford

Agosto/Setembro de 2023

ilustração: JOÃO CUNEO

Algumas histórias começam no final. Este final começa comigo em um pântano da Geórgia, um lugar que chamamos de Buzzard Roost, dois barris fumegando e lágrimas caindo na água. Três filhos olhando para o pai, sem saber o que dizer. Um par de patos da floresta pendurados sobre um galho de uma nogueira. Um amigo sabendo de tudo, sem dizer nada. Uma barraca de cachorro vazia pregada em um carvalho.

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Pela primeira vez em quatorze anos, meu dedo tocou o gatilho de uma espingarda naquela manhã sem Dude sentado ao meu lado. Eu não sabia se a arma funcionaria sem ele. Claro, ele dispararia e talvez até um pássaro caísse do vôo. Mas para que funcionasse, meu swing precisava seguir o olhar de um velho labrador com olhos cegos demais para ver e ouvidos surdos demais para ouvir, mas com experiência profunda demais para ser ignorada. Sem o Dude, me senti perdido na neblina daquele pântano.

Saí do condado de Franklin, na Geórgia, em 2004. A guerra estava acontecendo no Iraque e no Afeganistão, e eu queria servir meu país, então engoli meu medo do fracasso e entrei em um ônibus com destino ao Depósito de Recrutamento do Corpo de Fuzileiros Navais, Ilha Parris, Sul Carolina. Dezenove anos, cinco turnês e contando, e ainda não tenho certeza se entendi o que ganhamos no final, ou que grande lição havia para aprender. Mas, como jovem fuzileiro naval recém-chegado ao combate no vale do rio Helmand, ainda não tinha a prudência da idade e, com uma arrogância reservada apenas aos tolos, decidi comprar um cão, como se o homem pudesse realmente possuir um cão.

O cara não era Old Yeller ou Little Ann. Eu era leal a ele, e ele era leal a qualquer um que segurasse um cachorro-quente. Apesar da história que quero contar, nunca houve regressos a casa bonitos. Nada de descer de um Greyhound, com o saco de viagem na mão, voltando da guerra, para encontrar meu leal cão de caça esperando pacientemente. O cara não era esse tipo de cachorro. Homecomings with Dude era um pouco mais assim: O homem retorna da guerra. O homem abraça a esposa e os filhos e se esquece de fechar a porta de tanto entusiasmo. O homem passa o resto da noite em seu primeiro dia em casa procurando nas pilhas de compostagem dos vizinhos um glutão implacável e comedor de lixo.

Mas, independentemente de como fossem essas voltas, ele sempre estava lá. Afeganistão, Iraque, África e duas viagens em porta-aviões navais. O cara estava lá para me reintroduzir em minha área de vida depois de cada um. Ele esteve presente no nascimento dos meus três filhos mais velhos e perdeu o mais novo por apenas algumas semanas. Ele estava lá quando já era tarde e a casa estava silenciosa, mas o zumbido em meus ouvidos não me deixava dormir. Ele estava lá para as conversas que eu não poderia ter com mais ninguém, e seu pelo preto absorvia minhas lágrimas como água de um pântano.

Sua presença lá começou na primavera de 2008, produto de um anúncio no Craigslist que vi enquanto ainda estava no Afeganistão. No mesmo lugar onde encontrei meu primeiro caminhão. No mesmo lugar onde encontrei meu primeiro apartamento. Às vezes, no mesmo lugar onde encontrei minha esposa (dependendo de quão generosa ela se sente em relação à minha narrativa). O que mais significou naquele anúncio para mim, um garoto longe de casa, era que ele era da Geórgia. Ele e eu tínhamos a mesma história de origem.

Ele tinha colarinho azul, como eu. Foi assim que o dono de sua mãe o conheceu do resto da ninhada. Aquele com colarinho vermelho era o macho dominante. A mulher de colarinho rosa mal conseguia fazer contato visual. Aquele de colarinho preto agarrou-se à minha perna durante trinta minutos, minha então noiva e eu os observamos. Mas aquele de colarinho azul não impressionou nem ficou impressionado. Ele respondeu apenas à comida. Seria a marca registrada de sua existência. Paguei ao homem US$ 400 em dinheiro e, dois dias depois, o filhote embarcou comigo em um voo de volta para Camp Pendleton, na Califórnia.

Continuei chamando-o de “cara”, então foi assim que o chamei. Ele não queria recuperar, então buscamos à força no estacionamento atrás do meu apartamento no Craigslist. Ele não parava de latir quando eu saía para o trabalho, então coloquei-o na minha caminhonete do Craigslist e levei-o comigo. Ele adorava pipoca, então ensinei-o a usar o nariz, escondendo grãos em todos os 50 metros quadrados que chamávamos de lar.